Erros meus, má fortuna, amor ardenteErros meus, má fortuna, amor
ardenteEm minha perdição se conjuraram;Os erros e a fortuna
sobejaram,Que pera mim bastava amor somente
Tudo passei; mas tenho tão presenteA grande dor das cousas que
passaram,Que as magoadas iras me ensinaramA não querer já nunca ser
contente.
Errei todo o discurso de meus anos;Dei causa [a] que a Fortuna
castigasseAs minhas mal fundadas esperanças.
De amor não vi senão breves enganos.Oh! quem tanto pudesse, que
fartasseEste meu duro Génio de vinganças!
Luís de Camões
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